Você realmente sabe o por que é tão importante a Livre Demanda na Amamentação para o bebê? Procurei entender mais sobre esse assunto e acho que com esse texto escrito pela querida Psicóloga Cinthia Cofferi, que também é consultora de amamentação, vai te convencer a seguir essa recomendação.
Quase toda mãe que amamenta sabe que livre demanda é amamentar o bebê sempre que ele quiser, o tempo que ele quiser, sem intervalos e horários predeterminados, inclusive a noite.
Mas você sabe o porquê dessa recomendação?
Vou listar aqui algumas vantagens que farão você se convencer.
- Os bebês perdem menos peso após o nascimento;
- Menor risco de obesidade na vida adulta;
- Promove maior vínculo entre a mãe e o bebê;
- Deixa o bebê mais seguro e tranquilo.
Mas o que quer dizer amamentar em Livre Demanda? Toda vez que meu bebê chorar, eu devo colocá-lo ao seio?
Não! Aos poucos a mãe e o pai vão conhecendo seu bebê e aprendendo a identificar os choros: frio, sono, ou algum outro desconforto. Porém, os bebês também têm necessidade de sucção não nutritiva, isto é, não sugam apenas para saciar a fome, mas também na busca de sentir bem estar e prazer, convocando assim a mãe para que o coloque ao seio para que sinta o calor do seu corpo, seu cheiro e ouvindo de perto sua voz. Com isso, os bebês sentem-se mais seguros e contidos e atender essa necessidade psíquica, também faz parte da livre demanda.
A amamentação exclusiva, quando praticada desta forma, atende todas as necessidades emocionais e nutricionais do bebê até o 6º mês, portanto, não há a necessidade de dar chás, água, sucos ou qualquer outro tipo de alimento antes dos seis meses de vida.
A livre demanda também é importante, pois é a partir dela que o bebê e o corpo da mãe poderão fazer a autorregulação, ou seja,o ajuste entre a quantidade de leite a ser produzido com a demanda do bebê.
No bom português, a fábrica produz a quantidade de leite que o cliente quer tomar! Perfeito, não?
Mas o mais interessante é que ao longo desse processo, o bebê vai experimentando diferentes sensações, como prazer, dor, frio, calor, fome, sede e saciedade e vai assim aprendendo desde já a identificar o que sente no próprio corpo e como e quando comunicar suas necessidades. É por isso que é importante também amamentar o bebê à noite, quando ele solicita.
Imagine você, acordar sentindo muita sede em um dia muito quente. Você acorda, pede um copo de água. Mas a pessoa que pode te dar esse copo de água vai até você e diz que você só pode tomar o copo de água quando amanhecer e que agora é hora de dormir. Complicado não é mesmo? Provavelmente você ficará desesperado querendo água e na próxima oportunidade, vai tomar toda água que puder antes de dormir, mesmo sem sentir sede, pois precisa garantir que não vai sentir sede depois e que essa experiência desprazerosa não se repetirá!
O mesmo ocorre com a fome. As marcas de desprazer relacionadas à privação do alimento podem estar ligadas a futuros transtornos alimentares e obesidade, pois o comer fica ligado unicamente a sentir prazer e evitar o desprazer: “vou comer tudo que eu puder para garantir que não vou ficar com fome depois”!
O que devemos proporcionar aos nossos bebês é que eles possam aos poucos construir com autonomia um pensamento de “vou comer porque estou sentindo fome agora” ou ainda “vou comer só essa quantidade, pois essa quantidade basta para saciar minha fome e eu sei que posso comer mais quando tiver fome novamente”.
Experimentar essas sensações com tranquilidade enquanto bebês é muito importante para que quando chegada a hora de conhecer novos alimentos, os bebês já prontos para comer, possam ter curiosidade de experimentar diferentes sabores, texturas, respeitando as sensações do próprio corpo e não ultrapassando seus limites. Isso vai se alicerçando na infância, mas repercutirá por toda a vida.
Amamentar em livre demanda pode ser muitas vezes cansativo, pois exige disponibilidade (física e psíquica) da mãe. Mas, aos poucos, o bebê mais maduro tende a espaçar mais o intervalo entre as mamadas e alguns até mantém um padrão bem exato de tempo entre uma mamada e outra.
O apoio e o suporte do pai e/ou familiares também são fundamentais para que a mãe possa repousar sempre que possível, se alimentar de forma adequada e ter tempo para também cuidar de si e assim estar livre e mais disposta para desejar estar com o seu bebê.
Um abraço, Cinthia
Psicóloga CRP 07/22938
Psicanalista em Formação
Consultora em Amamentação
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